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Literacia Digital

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Leituras … a propósito do Dia Internacional da Biodiversidade, 22 de Maio

Partilha de um texto de Francisco Martins, professor de Português da ESOD

Um devaneio, uma espera…

Espero pelos meus amigos e vizinhos, aqui sentado neste banco, na margem... Ao contrário de outras pessoas, gosto de esperar porque me comprazo com a corrente de pensamentos e ideias. E ocupo-me a olhar, gosto de observar… Costumo encontrar-me aqui com dois antigos amigos de criação, nesta hora silenciosa e quente da sesta. Mas hoje estou apenas eu…E pelas horas que são, já não deverão aparecer. E assim, até sinto melhor este nosso querido rio --- como se ele agora fosse só meu…

Atrás de mim, as gradações do verde, alguns campos cultivados; à frente, as tonalidades líquidas da larga curva do rio. E vejo pela milionésima vez este bulício azulado das águas lentas… Estão agora uma meia dúzia de pequenos barcos de pesca… Ah, que ainda vai havendo uma gostosa variedade de peixes: bogas, solhas, lampreias, tainhas. E trutas… E outros que não identifico. Logo, mais para o anoitecer, aparecerão alguns pescadores. As redes estão estendidas além, agradecendo o sol… E são estes peixes que equilibram o orçamento destas gentes: o gado, o milho, o vinho, o centeio, e alguns produtos hortícolas seriam insuficientes…

Revejo as margens verdejantes, arborizadas; muitas espécies de plantas a descerem até ao rio… E algumas árvores que se erguem, altaneiras, por entre os arbustos, destacando-se daqueloutras das casas de além. Graças a Deus (e à Câmara) que ainda aqui não chegou a devastação trazida pelos químicos, esses pós brancos e maléficos dos insecticidas… Mesmo ao ladinho deste banco, há ervas, plantas, arbustos, que muita malta jovem (penso nos meus sobrinhos escolares) nem sabe que existem…

Perto de mim, desde esta margem até à curva do caminho que entra naquele campo (são apenas uns metros quadrados), o que posso ver e distinguir? Tanta coisa: a salsa brava (com a débil florzinha rosada), os dons-robertos (bons para chá…),a malva, o azevém, a erva molar, hastes de aveia verde, soajos resistentes, teimosos; e acolá estão a macela, já florida, e uma fiada de alegres malmequeres. E, mais afastado, alguns pampilhos, a única cor azul deste conjunto vicejante e diversificado… Um pouco mais longe, sobrevivem ainda alguns cardos, prontos a florirem, perto daqueles dois espinheiros; e aquele sabugueiro torto, mas bonito; e mais para a esquerda, moram dois arbustos que não conheço….

E por fim, a retina dos meus olhos levará para casa (como para a proteger) o tom vivo desta frágil papoila --- enquanto as pombas, patos-bravos e duas gaivotas acabaram por dar pela minha presença… Lembrarei aos meus amigos que este pequeno recanto, tão familiar, continua um jardim, livre e generoso. Existiu sempre sem esquadro e compasso --- e agora nem precisa de jardineiros…

Como fica muito caro estragar o que nos é dado de graça!…

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Leituras … no 120º aniversário sobre o nascimento (19 de Maio de 1890) de Mário de Sá-Carneiro


(1890-1916)

O FIDALGO E O LAVRADOR

É meia-noute. No baile
Folga tudo e tudo dança.
À mesm’hora o lavrador
No seu casebre descansa.

Uma hora. No palácio
Agora vai-se almoçar.
Na choupana o lavrador
Já terminou o jantar!

Dorme o fidalgo num leito
De penas, sobressaltado.
Em tábuas o lavrador
Repousa, mas sossegado!

             24 de Abril de 1903

        

        A ROSA

Mote
A rosa para ser rosa
Deve ser d’Alexandria.

Glosa
A rosa para ser rosa
Deve ser muito cheirosa
Muito fresca e viçosa
Como tu linda Maria.
Seja branca ou encarnada
Amarela ou rosada
Deve ser d’Alexandria.

                             1905

    in Mário de Sá-Carneiro, Poemas Completos, Lisboa, Assírio & Alvim, 2001

Poeta e ficcionista, com Fernando Pessoa e Almada Negreiros, Mário de Sá-Carneiro constitui um dos principais representantes do Modernismo português. Partindo para Paris, em 1912, para cursar Direito, estudos que abandonaria pouco depois, a figura de Mário de Sá-Carneiro assume uma importância basilar para a compreensão do modo como o Modernismo português se foi formando com caracteres próprios na recepção das correntes de vanguarda europeias, processo de que a correspondência que estabeleceu com Fernando Pessoa dá um testemunho documental precioso e que culminaria com a publicação de Orpheu, em 1915. (…)

Biografia
MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO nasceu em Lisboa no dia 19 de Maio de 1890. Os primeiros anos de sua vida são marcados pela dor causada pela morte da mãe, em 1892, quando ele tinha apenas dois anos. Em 1911 matricula-se na Faculdade de Direito de Coimbra e, no ano seguinte, transfere-se para Universidade de Paris para dar continuidade ao curso de Direito, que não conseguiu concluir. Ainda em 1912 publica a peça teatral "Amizade" e o volume de novelas "Princípio".
Nessa época, começa a corresponder-se com Fernando Pessoa. Nessa correspondência já se reflectem o agravamento dos seus problemas emocionais e as ideias de morte e suicídio. Em 1914, além de publicar as obras "Dispersão" e "A confissão de Lúcio", Sá Carneiro intensifica sua correspondência com Fernando Pessoa, a quem envia os seus poemas e projectos de obras, revelando crescentes sinais de pessimismo e desespero.
Em 1915, integrando o grupo modernista em Portugal, participa do lançamento da revista "Orpheu". No segundo volume dessa revista publica o poema futurista "Manucure", que, ao lado do poema "Ode triunfal" de Álvaro de Campos (Heterónimo de Fernando Pessoa), provocam impacto e polémicas nos meios literários.
Ainda em 1915 regressa a Paris, onde passa por constantes crises de depressões, que são agravadas por causa das suas dificuldades financeiras. Em 1916, numa carta a Fernando Pessoa, anuncia a sua intenção de suicídio, o que efectivamente ocorre no dia 26 de Abril, num quarto do Hotel Nice, em Paris.
A obra de Mário Sá-Carneiro está intimamente relacionada com a sua vivência pessoal, ou seja, revela toda a sua inadaptação ao mundo e a constante busca do seu próprio eu. Isso faz com que o poeta mergulhe no seu mundo interior e, diferente de Fernando Pessoa, que se desdobrou em heterónimos, atinja a autodestruição. Para o bom entendimento da obra de Mário de Sá Carneiro é necessária a análise das "Cartas a Fernando Pessoa", publicadas postumamente.
         Títulos
Princípio (1912)
A Confissão de Lúcio (1914)
Dispersão (1914)
Céu Em Fogo (1915)
Indícios De Oiro (1937)
Poesias (1946)
Cartas A Fernando Pessoa (1958)
Poemas juvenis (1986)

Fontes:
-Mário de Sá-Carneiro, [Em linha] Disponível em http://www.wook.pt/authors/detail/id/14272. [Consultado em 19/05/2010];
-Mário de Sá Carneiro (1890), [Em linha] Disponível em http://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=337. [Consultado em 19/05/2010], (adaptado)


terça-feira, 18 de maio de 2010

Entrega de prémios dos Concursos de Poesia 2009 e de Poesia e Conto 2010

No dia 19 de Maio, pelas 13h30, na Biblioteca da nossa escola, procedeu-se à entrega dos prémios referentes aos Concursos de Poesia 2009 e de Poesia e Conto 2010 da ESOD, cujos premiados são, no corrente ano:
Escalão D – 3º Ciclo 1º Prémio – “Um Conto Maravilhoso”, Tiago F. P. Aires, 7º D  -                                  Menção Honrosa por Gaia Nascente Escalão F – Secundário 1os Prémios Ex-aequo "Sumário de Física", Tiago Azevedo, 12º A "Sozinha", Susana Cardoso, 12º C 2º Prémio – “Eugénio Espelhado”, Susana Cardoso, 12º C
                                          1º Prémio
por Gaia Nascente Escalão K – Encarregados de Educação 1º Prémio – “Viva, Vou à Cidade!”, Domingos R. S. Cardoso
                                         1º Prémio
por Gaia Nascente
Em 2009
ESCALÃO E – Secundário 1os Prémios Ex-aequo "Palavras Soltas", Marta Madureira, 10ºC
                                   1º Prémio por Gaia Nascente
"Casa dos Murmúrios", Susana Cardoso, 11º C
Menção Honrosa – “Auto-Irreconhecimento”, Susana Cardoso, 11º C ESCALÃO G – Trabalho de Pares 1º Prémio – “Solidão”, 11º D
                                           Menção Honrosa por Gaia Nascente
ESCALÃO H – Professores 1º Prémio – "Ícaro", Anabela Dias                                                1º Prémio por Gaia Nascente
ESCALÃO J – Encarregados de Educação 1º Prémio – "Sonhei", Ilda do Vale de Sousa
                                          Menção Honrosa por Gaia Nascente
PRODUÇÃO EM LÍNGUA INGLESA ESCALÃO E – Secundário 1º Prémio – “The BlacK Rose”, Susana Cardoso, 11º C                                                1º Prémio por Gaia Nascente

Os textos premiados foram lidos, expressivamente, pelos alunos do
7ºB – Bárbara, Catarina, João, Luís; 
7ºD – Tiago;
11ºC – Marta;
11ºG – Sérgio;
12ºC – Susana.

Estes momentos de leitura prenderam a atenção de todos os presentes.
[Publicada por becresod em 25/05/2010]
                                         
***
Concurso Poesia Conto 2010 Gaia Nascente Entrega Prémios No dia 26 de Maio, no Auditório da ESOD, às 14h30, fez-se a entrega dos prémios oferecidos pela Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia, referentes ao Concurso de Poesia e Conto 2010 Inter-Escolas de Gaia Nascente.
Esta sessão contou com a presença das poetisas Virgínia Monteiro e Odete Boaventura, da Directora da Biblioteca Municipal de VNG, Drª Cristina Margaride, da coordenadora Interconcelhia de Bibliotecas Escolares, Drª Mª João Castro e de elementos das escolas participantes.
Salienta-se a apresentação de uma breve memória do percurso de uma década em que esta actividade tem estado a decorrer, ficando manifestado o interesse de lhe dar continuidade, alargando-se a todas as escolas do concelho de Vila Nova de Gaia, bem como o desejo de ter, de novo, uma publicação deste valioso património poético, com o apoio da Câmara de VNG. Estas intenções tiveram um feedback positivo por parte de todos os presentes e por quem de direito.

À entrega de prémios seguiu-se a leitura dos poemas premiados, pelos autores, pelas poetisas ou por alunos do 7ºB.
Em parceria com o Departamento de Línguas, esta actividade, já habitual entre escolas de Gaia Nascente, tem sido possível graças ao trabalho permanente de sensibilização à poesia por parte dos professores de Português, de membros das equipas das Bibliotecas Escolares, bem como de apreciadores de poesia das comunidades educativas envolvidas.
Neste ano, por proposta da APESOD (Associação de Pais da ESOD), incluiu-se um Concurso Extraordinário de Poesia, dedicado ao tema Sentir a Cidade, com a atribuição de uma máquina fotográfica digital ao primeiro premiado.
As comunidades educativas das escolas participantes assistiram, com todo o prazer, a este evento, deliciando-se com a presença exemplar de duas turmas de “pequeninos” da EB1 do Freixieiro.

[Publicada por becresod em 31/05/2010]

terça-feira, 11 de maio de 2010

Leituras ... Comemoração do Dia da Europa - 9 de Maio

Ao cuidado do grupo de Geografia, o  Dia da Europa - 9 de Maio – está a ser comemorado com uma Exposição alusiva, entre 10 e 14 de Maio no Polivalente da ESOD, com trabalhos de alunos do 7º ano e 1º ano CEF-Empregado de Bar, Operador de Informática.

Veja aqui a apresentação em Powerpoint elaborada pelos alunos do 1º ano CEF.

domingo, 9 de maio de 2010

Leituras … “Antes de Começar”, de Almada Negreiros, por alunos do 8º ano da ESOD

Em LP e em EA, as turmas A e B do 8º ano estão a preparar a apresentação da peça “Antes de Começar”, de Almada Negreiros, quer através de teatro de marionetes, quer de fantoches. Deixamos esta postagem para a partilha das várias fases desta preparação, desde a actividade de pesquisa sobre Almada Negreiros, as entrevistas aos actores, cenógrafos, encenadores, sonoplastas e figurinistas, até à possibilidade de representação no Sarau de final de ano.